domingo, 8 de março de 2015

GODSPELL: Lisboa 2015

Foi em 1971 que este musical teve a sua estreia Off-Broadway e desde então nunca deixou de ser produzido pelo mundo fora, incluindo Portugal em 1976.  Baseado na Bíblia, conta-nos parte da história de Jesus Cristo, Judas e mais alguns dos seus seguidores, tudo ao ritmo do pop-rock.

Esta nova produção, que agora estreou no Tivoli, é de uma informalidade contagiosa que depressa conquista o público. Com um cenário simples, formado basicamente por grandes cubos de madeira que servem para tudo, a encenadora Matilde Trocado soube como manter a fluidez do espectáculo e tirar o melhor proveito do jovem e atractivo elenco que tinha ao seu dispor. Com imaginação, Trocado, sabendo que os meios à sua disposição não são ao nível de uma produção da Broadway, optou por uma encenação simples mas que enche não só o palco do Tivoli, mas toda a sala, com o elenco a correr, cantar e dançar pelo meio das filas. A coreografia de Paula Careto não é espectacular, mas serve na perfeição a acção e, graças à sua boa disposição, consegue por vezes ser contagiosa.

Confesso que temia que o espectáculo fosse datado, mas nas mãos deste grupo de profissionais é tudo menos isso. Com a excelente direcção musical de Artur Guimarães as orquestrações soam actuais e as canções de Stephen Schwartz mantêm o seu charme original.

O grupo de 10 actores que dá vida às personagens está em sintonia com o espírito do espectáculo e cantam, dançam e interpretam com alegria e emoção. Como seria de esperar, no papel de Jesus e de João Batista/Judas, Bruno Xavier e Manuel Moreira destacam-se dos outros; o primeiro comanda as tropas com a atitude certa, se bem que quando dança não está no seu melhor, e o segundo convence como o personagem mais interessante da história e, é para mim, o melhor actor do grupo. Mas há outros que também se destacam: JP Ferreira revela-se um excelente bailarino; Soraia Tavares quase que manda a “casa a baixo” com a sua forte voz; José Lobo, para além de se mexer muito bem, é senhor de uma grande voz, quase obliterando Bruno Xavier. Quanto a Mia Rose, ela é bonita e tem boa voz, mas destaca-se pelo negativa, ou seja, comporta-se como a vedeta do show, parecendo não fazer parte da comunidade. Pedro Luzindro é divertido e tem um engraçado ar malandreco, Marina Marques Guedes tem uma simpática voz doce, Maria Lalande tem uma presença forte e Carina Leitão, apesar de um pouco reservada, canta lindamente.

Divertido, colorido, contagioso e, como seria de esperar, cheio de mensagens moralistas, é uma boa aposta teatral que recomendo a quem gosta de musicais. São cerca de duas horas de boa disposição na companhia de um elenco talentoso que facilmente cria empatia com o público. Infelizmente o espectáculo só vai estar em exibição até dia 15 de Março, por isso corram às bilheteiras. Classificação: 7 (de 1 a 10)




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